SESSÕES TEMÁTICAS

As sessões temáticas dos seminários são uma parte essencial das atividades para a promoção dos debates entre membros/pesquisadores com interesses temáticos comuns; se detêm sobre áreas identificadas como prioritárias para as discussões técnico-científicas que visam o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado do Rio de Janeiro.

Segue uma breve descrição do escopo de cada sessão temática:

Políticas de Saúde

Claudia Maria Travassos (CEBES)

Gabriela Bittencourt Gonzalez Mosegui (UFF)

Lígia Bahia (UFRJ)

Mario Dal Poz (UERJ)

A complexidade estrutural e os desafios persistentes, frequentemente agravados por subfinanciamento crônico, fragmentação da gestão e iniquidades sociais históricas, inerentes à política de saúde no Estado do Rio de Janeiro impõem a urgência de um delineamento estratégico para uma agenda de pesquisa robusta. Esta agenda deve transcender a mera descrição, englobando a análise crítica das políticas públicas vigentes, a identificação aprofundada de lacunas estruturais e disfunções sistêmicas – como a desarticulação entre os níveis de atenção, as disparidades regionais no acesso e a ineficiência na alocação de recursos –, e a proposição fundamentada de intervenções baseadas em evidências, com foco em estudos avaliativos, de implementação e de impacto. O objetivo primordial é a otimização da qualidade, equidade e efetividade dos serviços de saúde oferecidos à população fluminense, visando uma transformação sistêmica e sustentável.

A concretização desta empreitada exige uma sinergia interinstitucional e transdisciplinar, que capitalize na expertise de diversos institutos e programas de pós-graduação em saúde coletiva das universidades do estado, e que integre abordagens inovadoras como a ciência de dados e a análise de big data. Projetos colaborativos no desenvolvimento de estudos e pesquisas não apenas aprofundem a compreensão dos determinantes e condicionantes da saúde – sejam eles sociais, econômicos ou ambientais –, mas  também subsidiam a formulação e implementação de políticas públicas capazes de edificar um sistema de saúde mais justo, eficiente e universal, pautado pela ética, transparência e responsabilidade social. As pesquisas, em sua essência, configuram-se como catalisadores indispensáveis para identificar, compreender e mitigar os desafios que obstaculizam o pleno desenvolvimento da politica e do sistema de saúde do Rio de Janeiro.

Políticas Educacionais: planejamento, avaliação, currículo e gestão

Fabiana de Moura Maia Rodrigues (UFRRJ)

Waldeck Carneiro (UFF)

Os indicadores educacionais de um ente federado expõem suas características, de forma transversal, em conexão com vários campos das políticas públicas, estabelecendo um retrato do desenvolvimento humano e econômico atual dos territórios e suas possibilidades futuras. No quadro de crise do Rio de Janeiro, é incontornável enfrentar a discussão sobre a necessidade de elevar a qualidade das redes públicas de ensino, responsáveis pela maior parte da oferta de educação básica do estado, bem como discutir as insuficiências no planejamento educacional, as improvisações curriculares, os entraves à democratização da gestão escolar e os frágeis resultados apresentados pelo IDEB da maioria dos municípios fluminenses, quando contrapostos aos IDEB’s das demais regiões do Brasil. Além disso, há o desafio específico da implantação de um ensino médio potente e transformador, que venha a contribuir para a continuidade dos estudos de nossos jovens e para as suas vivências em sociedade, numa perspectiva crítica, reflexiva e cidadã. Nesse sentido, esta sessão temática pretende refletir sobre os indicadores educacionais do Estado do Rio de Janeiro, com foco específico no planejamento, na avaliação, no currículo e na gestão democrática da educação, notadamente sobre as discussões emergentes e urgentes acerca do novo ensino médio, do plano estadual de educação e da gestão democrática da educação, em face do novo Plano Nacional de Educação, que, espera-se, deverá ser aprovado no Congresso Nacional até o final de 2025.

Debruçar-se sobre a educação básica no Rio de Janeiro em seu estado atual, contando com a expertise das universidades e instituições de pesquisa da área, tem como objetivo não só a construção de políticas públicas educacionais, mas a constante oxigenação de propostas intersetoriais que têm a elevação das taxas de escolarização, com qualidade socialmente referenciada, como um de seus principais suportes.

Estrutura Produtiva Fluminense

Maria Viviana de Freitas Cabral (UFRRJ)

Rodrigo Rodriguez (UERJ)

A sessão temática “Estrutura produtiva fluminense” tem como objetivo discutir os diferentes diagnósticos sobre as atividades econômicas do estado do Rio de Janeiro e suas perspectivas no contexto do desenvolvimento regional. Considerando que os processos de geração de riqueza estão diretamente associados a distintos padrões de distribuição de renda e de qualidade de vida, a proposta é discutir de que modo as atividades e os setores produtivos estratégicos contribuem para a trajetória econômica fluminense e podem orientar novas políticas mais sustentáveis do ponto de vista econômico e social para o estado do Rio de Janeiro.

Configuração Territorial, Integração Regional e Dinâmicas Demográficas

Faber Paganoto (CPII)

Israel Marcelino (UFRRJ)

A regionalização é um processo fundamental para a análise e o planejamento territorial. No estado do Rio de Janeiro, cuja configuração atual é resultado da fusão dos antigos estados da Guanabara e do Rio de Janeiro em 1975, essa regionalização foi estabelecida em 1987 e se materializa em 8 regiões de governo. No entanto, as 26 emancipações municipais ocorridas desde então impuseram significativas alterações aos limites originais, gerando a necessidade de uma análise aprofundada da atual divisão político-administrativa.

No contexto do desenvolvimento regional, é importante que se leve em conta o desafio da integração das diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro. O aprofundamento de fluxos de pessoas, capitais, mercadorias e conhecimentos é um caminho estratégico para se pensar o desenvolvimento. Consolidar, no território fluminense, uma divisão intrarregional do trabalho é um ponto chave para explorar sinergias e superar desafios, estabelecendo círculos virtuosos.

Este eixo temático busca reunir trabalhos que questionem os fundamentos da regionalização vigente e os interesses que ela atende, identificando as incongruências resultantes das transformações territoriais e propondo alterações que visem uma maior eficiência e integração.

Além disso, espera-se que as discussões abordem questões regionais, explorando estratégias que promovam desenvolvimento mútuo, otimizem recursos e oportunidades e favoreçam a integração territorial.

Por fim, considerando que a análise das dinâmicas demográficas contemporâneas é indissociável das transformações territoriais, espera-se reunir estudos sobre como o crescimento populacional e as mudanças na estrutura demográfica e na mobilidade se manifestam nesse contexto.

Segurança Pública

Daniel Hirata (UFF)

João Trajano de Lima Sento-Sé (UERJ)

O Estado do Rio de Janeiro possui graves e urgentes problemas associados ao campo da segurança pública. A malha urbana é pontuada pelas divisões, tensões e conflitos associados à lógica do controle territorial armado de facções do tráfico de drogas e milícias, além da influência do jogo do bicho. As formas de enfrentamento dessa particularidade fluminense baseiam-se em operações policiais, que já se mostraram historicamente tão ineficazes quanto letais, sobretudo para a população pobre, negra e moradora de favelas e periferias. Neste contexto em que as iniciativas estatais nesta área aprofundam os problemas, a segurança pública infelizmente se torna um tema transversal e com consequências econômicas, sociais, políticas e institucionais para a região. A sessão temática acolherá e discutirá trabalhos que procurem estabelecer diagnósticos e propostas na área, sempre que possível contemplando as dinâmicas das diferentes regiões do estado.

Ambiente, Mudanças Climáticas e Transição Energética

Robson Santos Dias (IFF)

Romeu e Silva Neto (IFF)

Os países em desenvolvimento precisam reduzir suas emissões e prevenir perdas e danos sociais e econômicos provenientes da crise climática, visando objetivos de mitigação e adaptação. O estado do Rio de Janeiro é o maior produtor de petróleo e gás do país, onde estão concentradas as atividades de Exploração e Produção e parte do Refino.  Em face dos riscos relacionados à segurança energética e dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, a busca de novas alternativas energéticas e a promoção de uma transição energética, é uma necessidade primordial. Nessa sessão temática busca-se promover debates sobre as necessidades, urgentes, de busca de soluções, para o esgotamento das reservas físicas dos combustíveis fósseis e a necessidade de fontes mais limpas de energia e a redução das emissões de carbono (CO2), resultantes da queima de combustíveis fósseis que são responsáveis pelo aquecimento global e consequentemente as alterações climáticas. Discutir-se as políticas e ações para transição energética; modelagem de cenários; regulamentações do setor energético no Brasil; biomassa e o seu papel na transição energética; políticas de descarbonização; hidrogênio verde; sistemas de governança para promoção da sustentabilidade ambiental; produção agroecológica; gestão das águas; gestão dos resíduos sólidos;  gestão das cidades; qualidade de vida e bem-estar e redução da pobreza e geração de emprego e renda, para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental do estado do Rio de Janeiro, entre outros temas correlatos.

Políticas Culturais

André Gardel (UNIRIO)

Lia Calabre (Casa de Rui Barbosa)

Maria Helena Versiani (Museu da República/UFRRJ)

As manifestações culturais do Rio de Janeiro estão nos modos de viver, na arte, nos museus, arquivos, bibliotecas, saberes em movimento vivo pelas ruas, comunidades, terreiros, rincões diversos. Como sujeitos que fazem a história e a reescrevem a cada dia. Cultura como cultivo da terra, das almas, dos corpos, do imaginário. Natureza-cultura que preserva e revitaliza a fauna e a flora, que interliga entidades, encantados, ervas, ritmos, melodias. Culturas populares, de massa, cultas, étnicas. Comunidades indígenas e quilombolas, folguedos, academias, galeras. Samba de caboclo, Folia de Reis, Jongo da Serrinha, Escolas de samba, baile funk, baile charme do viaduto, batalhas dos slams, shows na praia, esquinas, salas de teatro, cinema, tendas, barracões. Um Rio artivista que pulsa e se revigora, poroso às ancestralidades, à vida presente, construindo solidariedades resistentes, enfrentando os círculos viciosos dos poderes e corrupções, que não abrem mão do dirigismo cultural e científico. O repertório fluminense está na pluralidade das expressões culturais e das formas de produção de conhecimento. Dignificar as suas vivências libertadoras requer, não só respeitá-las, mas garantir condições concretas de sua fruição e sustentabilidade. O direito à cultura está previsto na Constituição Federal e a garantia deste direito, no estado do Rio de Janeiro, exige a implementação de políticas públicas democráticas, comprometidas com o reconhecimento, a valorização e a difusão da diversidade cultural fluminense.

Infraestrutura, Logística e Mobilidade Urbana

Diego Carvalho (CEFET)

Eduardo Duprat (SEPLAG)

Floriano Oliveira (UERJ)

A sessão “Infraestrutura, logística e mobilidade urbana” abordará a crítica situação das redes técnicas de circulação viária, de comunicação e serviços industriais e urbanos para o desenvolvimento socioeconômico fluminense, que atualmente enfrentam graves deficiências estruturais. A expansão desordenada das áreas urbanas, a falta de integração territorial eficiente, aliada às fragilidades de Governança e dificuldades para implementação de planos estratégicos como o PELC RJ 2045, comprometeu a integração eficiente dos diversos modos de transporte no estado do Rio de Janeiro. Esta realidade resulta em congestionamentos crônicos, redução da produtividade econômica e profundas desigualdades no acesso à mobilidade, especialmente para populações de menor poder aquisitivo. A sessão propõe reflexões sobre soluções inovadoras para potencializar as infraestruturas já existentes, a integração entre diferentes modos de transporte coletivo e individual, o uso de tecnologias como inteligência artificial e análise de dados na gestão dos fluxos urbanos, além do desenvolvimento de políticas públicas que priorizem transportes coletivos e não motorizados. Estes temas convergem para a busca de um desenvolvimento territorial mais equilibrado, sustentável e socialmente justo para o estado do Rio de Janeiro, com especial atenção às necessidades de circulação de pessoas, insumos e mercadorias que impulsionam a economia fluminense.

Crise Institucional Fluminense

Juliana Benício (IFRJ)

Mauro Osorio (UFRJ)

O Estado do Rio de Janeiro, entre 1970 e 2022, foi a segunda unidade federativa que mais perdeu participação no PIB nacional, de acordo com dados do IBGE. Os dados da Pnad/IBGE mostram que o estado apresentava, no primeiro trimestre de 2025, uma taxa de desemprego de 9,3%, contra uma taxa no país de 7,0%. Para jovens entre 18 e 24 anos de idade, essa taxa era de 14,9% no país e de 23,2% no estado, taxa inclusive superior à encontrada nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Os indicadores relacionados à Educação e à Saúde também são bastante ruins no estado fluminense, principalmente quando comparados com os demais estados das regiões Sul e Sudeste do Brasil. Temos também uma crise fiscal. E temos uma grave situação do ponto de vista do controle territorial por tráfico ou milícia, principalmente na Região Metropolitana do Rio. Quais as razões dessa crise e como sair dela?

Relações Étnico-Raciais e de Gênero

Shirlena Campos de Souza Amaral (UENF)

Wania Amélia Belchior Mesquita (UENF)

O objetivo desta sessão temática consiste em desenvolver estudos e pesquisas sobre as relações étnico-raciais e de gênero, em perspectiva interseccional, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro e de suas regiões, localidades, comunidades, povos tradicionais e grupos sociais. Serão bem vindas as diversas perspectivas teórico-metodológicas, bases empíricas e recortes espaço-temporais, para a constituição de um campo de discussões amplo e profícuo em torno das possibilidades de combater as diferentes formas de discriminações e desigualdades de direitos.

Memória, História e os desafios do presente

Ismênia Martins (UFF)

Marieta de Moraes Ferreira (UFRJ)

Paulo Knauss (UFF)

O simpósio tratará a história fluminense a partir da apresentação de pesquisas sobre a política, a economia e a cultura em diferentes épocas e contextos regionais, que contribuam para pensar relações entre passado e presente na atualidade do estado do Rio de Janeiro.

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